O Rio de janeiro continua lindo. E suas bandas idem (mesmo com poucas opções). Prova disso é a The John Candy, banda indie dream pop local. Formada por Guilherme Almeida (Guitarra e Voz), Vinícius Leal (Guitarra e Voz) , Gustavo Cockell (Baixo) e Joab Regis (Bateria), a banda lançou 4 trabalhos autorais, sendo o último Ghostpedia, lançado ano passado, e que mostra vocais suaves em meio a melodias etéreas e dissonantes, mantendo aquela deliciosa sonoridade indie dos 90, de bandas como Pavement, Dinosaur Jr, e outras. Vinícius Leal, guitarrista da banda, nos cedeu essa entrevista, falando sobre o novo trabalho e sua banda.
John Candy é um projeto seu de anos. Como surgiu a idéia e de onde tirou o nome ?
Sim, eu comecei o projeto bem no final dos anos 90/inicio dos anos 2000. Poucas pessoas sabem disso. Gravei uma demo em cassete em casa, muito toscamente num aparelho de som antigo que tinha aquele sistema "karaokê". cheguei a distribuir para algumas pessoas. Naquela época não tinha internet para distribuir pelo mundo virtualmente sem dar muito trabalho, então me deu uma certa preguiça mesmo de fazer copias das fitas, tentar vender, lançar...eu ja estava um pouco cansado disso com o Problems?, que foi praticamente minha primeira banda. Talvez com internet, aquilo poderia ter tido um alcance maior. Do jeito que foi, o máximo que rolou foi uma citação na Rock Press se não me engano. Mas mesmo assim me deu preguiça de seguir daquele jeito, ahahaha...sobre o nome da banda nome, é porquê precisa ter, não tem nenhum motivo especial, pelo mesmo motivo que meu nome é Vinicius, as pessoas precisam me chamar de algum jeito.
Quantos trabalhos já foram lançados ? Ghostpedia mantém a mesma sonoridade dos álbuns anteriores ?
O Ghostpedia é o quarto disco em 10 anos, fora algumas participações em coletâneas também durante esse tempo, e hoje ja são mais de 50 musicas gravadas .Os últimos 3 álbuns são bem diferentes do primeiro. Principalmente pela maneira de composição, uma vez que o primeiro foi todo feito so por mim e Guilherme tocando tudo. Bateria programada e alguns synths por exemplo, que foram deixados de lado para os 3 seguintes. A gente gravava sem se preocupar em como íamos tocar ao vivo aquilo juntos, uma vez que a ideia não era ter show… então a gente experimentava de tudo… 2 baterias, 6 guitarras...os seguintes a gente foi compondo em estúdio, ensaiando, com os 4 tocando. Então ja é bem diferente. Acho que a "sonoridade" dos ultimos 3 álbuns muda com a nossa evolução… acho…
Fale um pouco de como foi a produção de Ghostpedia.
O Ghostpedia seguiu o mesmo padrão do Dreamscape, nosso cd anterior. Gravamos as baterias no estúdio do Pedro Garcia. O resto gravamos no meu estúdio, que não é de musica, e sim de pós produção (edição de som e mixagem), para cinema e TV. Só usamos lá por ser mais confortável, não incomodar os vizinhos, como fizemos no primeiro e segundo (In Your Arms I Was Happy e Ovetdrive Beach), gravando na minha casa. Depois voltamos para mixar com o Pedro Garcia.
Ghostpedia foi lançado pela Transfusão Noise, selo do Lê Almeida. Vocês já se conheciam antes ? Como se deu essa parceria ?
Foi lançado pelo Transfusão e pela TBTCI, do Renato Malizia. A gente ja se conhecia da cena. Sempre curtimos o trabalho dele com a transfusão, e o lançamento do Dreamscape e Ghostpedia aconteceram naturalmente, não tinha como ser diferente…
Com o Malizia e TBTCI tambem é resultado de uma grande parceria. Já tínhamos lançado com ele algumas faixas em coletâneas do selo. Malizia também é um grande guerreiro da cena brasileira!
Você tocava na Problems ?, banda que montou nos 90 e que teve um certo reconhecimento no meio independente. Ainda tem contato com os outros integrantes ?
O Romario e Marcelo são grandes amigos ate hoje e sempre… meus irmãos mesmo! a Dani a gente se fala uma vez ou outra, somos amigos também. O André deu uma certa sumida…
Comparando o cenário atual, com os anos 90 , como você vê a produção independente nos dias de hoje ? O que facilitou e o que atrasou ?
Cara, a produção hoje é muito maior… hoje em dia é muito mais fácil gravar, lançar. Antes a única possibilidade era ir pra estúdio fazer tudo, o que era muito caro. Eram poucas as bandas que conseguiam gravar a sua demo. Lançar um álbum então…. hoje a gente tem muito mais banda por ai que consegue gravar, lançar... a possibilidade de alcance é absurda. Mas isso não necessariamente é bom. O publico tem um acesso absurdo e não ouve nada. O cara escuta uma banda por minuto, e todas entram e saem da vida dele e pronto. Toda semana é uma banda hypada ai que some 10 dias depois… isso é bem esquisito. quase um tiro no pé.
As pessoas confundem muito sucesso com fama. são coisas bem diferentes. É até comum você ser famoso por um "insucesso" nao é mesmo ??? Acho o John Candy e muitas outras da nossa cena, bandas de sucesso, mas não FAMOSAS. saca? voce ter mais de 10 anos de atividade, 4 álbuns lançados, tocando pelo brasil… dentro da nossa cena, na realidade que a gente vive, é um grande sucesso!
Ainda há boas bandas no cenário carioca ? Quais você citaria ?
Tem muitas sim, no Rio e no Brasil. O problema é o publico que é preguiçoso e não quer saber, não tem interesse. E isso é muito triste. Não vou citar nomes porque vou certamente esquecer algumas, sou muito sequelado… ai vai ser muito injusto. hahahahahaha
Aqui no Brasil, a John Candy já abriu shows do J. Mascis, Sebadoh, Stephen Malkmus, entre outras bandas gringas. Como foi tocar ao lado de pessoas com a bagagem deles ? Chegaram a trocar figurinhas , discos etc ?
Com J. Mascis foi o sonho da vida, quem me conhece sabe que ele é meu maior ídolo!
O Telescopes acabou não rolando deles virem pro Brasil, rolou uma confusão danada com a produtora de SP que ate hj a gente não sabe na real o que rolou...é uma troca muito legal, alguns desses ai são grandes ídolos nossos. Com Stephen Malkmus, a gente chegou a fazer uma tour pelo Brasil abrindo os shows dele em Maringá, BH, SP, POA, Floripa…. Então o contato foi bem maior. Rolou uma "amizade" viajando junto pra la e pra cá. A gente sempre aprende. O Sebadoh foram 2 shows, Rio e SP.
Falando em shows, a John Candy tocou na Transfusão Noise Festival, no projeto Oi Futuro, em Ipanema. Como foi tocar no evento ? O público compareceu em peso ?
O evento foi muito legal! Festival muito bacana com propostas ótimas! O espaço excelente.. estrutura muito boa. Foi um público legal sim!
Como é o modo de composição da banda ? As letras falam de quê ?
Eu e Guilherme chegamos com o "grosso", uma base no estúdio e a gente vai tocando até sair alguma coisa. As vezes um já vem com tudo mais ou menos pronto. As letras todas são feitas pelo Guilherme, filósofo né...
Eu não curto muito fazer letra, nunca acho que tá bom, não sei fazer.
E o que vem por aí no caminho da John Candy ? Alguma novidade que possa soltar ?
A gente segue fazendo shows por ai, viajando… etc… acho que em 2017 vamos começar a pensar no próximo disco. Ainda não temos grandes planos… nunca tivemos na verdade.. hahahahaha
As coisas vão surgindo e vamos tocando...esse é o segredo do sucesso.
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