Sex Noise





Confesse: se você viveu na efervescente cena do rock independente dos 90, já ouviu falar dessa banda,  a qual havia encerrado suas atividades em 2006, deixando fãs e amigos pelo caminho.
 Mas eis que seu vocalista Larry Antha volta com o SexNoise totalmente reformulado, em 2011. E depois de meses de ensaio e entrosamento, eles voltam, com um Ep em Vinil de inéditas intitulado 'Azul', mostrando um som revitalizado em suas origens. Conversamos com Larry , que nos cedeu essa entrevista, onde fala sobre tudo o que aconteceu nesse hiato de tempo.

O que o fez retornar a cena e empunhar o microfone novamente ?

Percebi que banda não tinha terminado sua história. Novos e velhos fãs cobravam uma volta da banda e isso acabou me impulsionando a juntar a galera de novo, e levar um som. Ainda tínhamos o gás da parada pra seguir em frente. O SexNoise passava a existir por suas próprias forças.

A banda ficou parada por quanto tempo ?

Encerramos atividades em fevereiro de 2006. Interrompemos umas férias da banda pra tocar no carnaval, na verdade pra tentar reacender uma parada que já estava morta naquela época, pelo menos pra nós como banda e com aquela formação, que já estava desfalcada do Alex Dusky. Christian Pierini (Black Dog) era o guitarrista substituto, mas exatamente naquele carnaval estaria tocando bateria em Trindade com a Block Dog. Escalamos um guitarrista substituto o Rodrigo Nogueira. Ensaiamos e o show ia rolar. Mas acredito não por culpa de ninguém, mas por minha própria culpa. Fiz um dos piores shows da minha vida. Enchi a cara, fumei pra caralho e errei a porra toda. Conclusão o clima azedeou e no fim da noite a banda acabou.

E os membros anteriores, por que não voltaram? Ainda mantém contato com eles?

Em 2010 voltei a frequentar a Lapa e acabei topando com o jornalista Adilson Pereira, que na época trampava no Circo Voador. Ele me convidou pra editar uma coluna em vídeo para o seu site, o Sambapunk. Batizei a coluna de No tempo das cavernas. Na verdade o Adilson me convidou porque sabia que eu tinha escrito um livro de memórias não publicado. Comecei então contar algumas histórias desse livro em vídeo. Nesse meio tempo recebo o convite da Multifoco, pra editar o 'Memórias não póstumas de um punk'. Em 2011 o livro é lançado. Adilson Pereira por conta do sucesso do livro convida o Sex Noise pra tocar no Circo Voador. Conclusão; tive que reunir a galera pra fazer este show e um outro que surgiu em Volta Redonda (Freak Show). Seriam só dois shows. Nada mais. Mas os ensaios no Estúdio 82 começam a ficar tão bons com a nova formação que tinha Marcelo Pires e LC Arcos nas guitarras, Alê Souto no baixo e Walan Falcão na bateria que banda ressurgiu. Alex Dusky e Mário Jr. não puderam participar dos shows e ficaram de fora. Os shows foram pintando e lá pelo quarto ou quinto show, sabíamos que não iríamos mais parar. Foi uma volta na loucura! Quem viu estes últimos shows da banda sabe do que eu tô falando. Enfim, a parada criou liga de novo. A amizade com a galera que saiu continua. É a vida que segue.

E nesse meio tempo, o que você andou fazendo ?

Então; nesse meio tempo eu escrevi o 'Memórias não póstumas de um punk' e o 'Tropicalismo Selvagem - As Memórias Não Póstumas De Um Punk Na Infância', ambos lançados pela Multifoco. Mas não foi só isso, fiz muita coisa. Acho que renderia até outro livro de memórias.

Além do Sex Noise, você lançou dois livros falando da banda e também sobre sua infância. Como foi entrar num universo fora da música ?

Foi incrível. Nunca me imaginei escritor, mas a coisa foi crescendo e comecei a perceber que tinha um canal de comunicação importante que dominava, e não sabia. Você escrever é algo tão mágico como fazer uma música. Esse foi meu grande barato nesse meio tempo. Descobri que música me completa, tanto quanto escrever.

E como chegou a essa nova formação? Todos já se conheciam?

Quando pintou o show no Circo Voador chamei os membros originais, Alex Dusky, Mário Jr. e Walan Falcão. Alex e Mário, pularam fora. Eu e Walan resolvemos chamar amigos próximos que tivessem a ver com a cena da época e com o som. Eu chamei Marcelo Pires (Second Come/ Jess Saes) para a guitarra e Alê Souto (Terrible Head Cream) pra o baixo e Walan chamou LC Arcos (Poliphonia) para a guitarra. Nesse meio tempo, Ale Souto saiu; Formigão (Planet Hemp) entrou e saiu. E Walan e Marcelo também partiram. Rodrigo Nogueira que tocara guitarra no último show, volta como novo baixista. Ficam na banda, Eu, LC Arcos na guitarra e Rodrigo Nogueira no baixo. Resolvemos gravar as músicas que fizemos durante essa volta da banda somente nós três. Sendo que o Rodrigo passou agora para a bateria. Com o Ep 'Azul' finalizado começam a pintar os shows. O Estúdio 82, fecha suas portas para virar o Estúdio Machina. Precisávamos de um novo estúdio pra ensaiar. Então surge o Estúdio Pé da Ladeira. Nelson Burgoz (Nelson & os Gonçalves/ Os Wandelys) dono do estúdio acaba assumindo baixo e o SexNoise tem sua nova formação.

Acha  que mudou muita coisa na cena atual ?

Não muito. Continuam pagando milhões pra uns e nada pra outros.

Das bandas novas (atuais), qual você anda curtindo ?

Os Vulcânicos, Beach Combers, Na Sala do Sino, Jovens Não, Lê Almeida e Sofia Pop.

E como anda a divulgação de Azul ?

Indo muito bem. Muita gente ouvindo e se amarrando. 

Como vc vê esse revival do vinil e ao mesmo tempo com a febre de trabalhos lançados na rede ?

Acho muito válido. Até porque vamos lançar o Ep do Sex Noise em vinil. A rede veio pra somar, mas hoje em dia é meio como profetizaram os Titãs: É tudo ao mesmo tempo agora.

E fazendo uma pequena análise de tudo, acha que vale a pena estar nos palco hoje?

Sempre! Sempre e Sempre! Fazer shows é sempre incrível!


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