Mesmo que de modo discreto e a passos largos, Barra Mansa, situada no
sul fluminense do RJ, vem aos poucos mostrando boas bandas no cenário
independente. Uma delas é a banda Iguanas, trio formado por Braz
(vocal/guitarras), Jean Pixote (vocal/baixo) e Rafael Fraldinha (bateria), que
investe em seu som variantes do punk, grunge , pós punk e garage rock,entre
outros estilos,adicionando letras dinâmicas e inusitadas em suas músicas. Após
vários cds independentes e 1 cd oficial, a banda volta com seu novo trabalho
"Respostas Certas Prá perguntas Erradas",lançada pelo próprio selo, a
Repteis Records, mostrando o amadurecimento da banda e também retornando aos
sons rápidos, que emulavam nos primeiros trabalhos. Confira a entrevista cedida
pelo vocalista e guitarrista Braz.
A pergunta que não pode faltar: como tudo começou ?
Eu era editor de um fanzine sobre música alternativa, o Hate Zine, e
estava fazendo faculdade de Comunicação, mas o que eu queria mesmo era tocar e
compor. Foi quando me falaram do Jean, um cara que tocava baixo e curtia
Nirvana e Ramones, achei perfeito já que eu procurava um baixista e seu gosto
musical vinha de encontro ao meu, o procurei, fiz a proposta, ele aceitou e
chamamos o Lando Valério para baterista, deixei
a faculdade e o zine e formamos a banda. Combinamos de não tocar cover e já
começar compondo nossas músicas e então com 3 meses tínhamos 7 músicas prontas,
fizemos o primeiro show e já no segundo as pessoas queriam o CD no final do
show, então gravamos nosso primeiro CD demo: “Música Tosca Para Quem Tem
Pressa”.
E nesse novo trabalho, há algo
que difere do primeiro ?
Olha pra gente que é da banda
fica mais difícil perceber, mas acredito que a bateria mais cadenciada e
contida do Rafael Fralda é que fez toda a diferença, mudamos também um pouco as
letras, o Jean Pixote escreveu 3 letras, algo que não acontecia antes, por isso
as letras são mais variadas.
Como está indo a divulgação e distribuição ?
Está indo bem, logo que lançamos
enviamos para revistas, sites e jornais. Na verdade o número de revistas
musicais diminuiu muito no Brasil, o que é uma pena, zines impressos são raros
e até os sites diminuíram, acho que definitivamente não é uma boa época, parece
que hoje tudo se resume ao facebook.
Fizemos alguns bons shows de divulgação, mas
acho que nunca tivemos tantos imprevistos com os integrantes da banda como
ultimamente, problemas pessoais levaram o Rafael a sair da banda e retornar 2
anos depois, e atualmente ele está novamente com problemas pessoais e temos
alguns shows onde o André tocará com a gente, ele gravou 2 músicas do CD com a
gente e nos acompanhou por 2 anos.
O Jean está fazendo faculdade, e
eu tive um problema por esforço repetitivo logo que o CD foi lançado, o que me
impediu de fazer vários shows.
Chegou a mandar algumas cópias prá fora do Brasil ?
O novo CD ainda não enviamos,
mas o Aditivo, chegamos a ter o CD divulgado no Canadá, Itália e um dia
encontrei uma resenha do CD em um jornal de Austin, Texas, USA, não sei como
isso aconteceu, enviei o CD para algumas bandas americanas, talvez uma delas
tenha enviado o CD para o jornal.
Rafael Fraldinha resolveu voltar
a banda. O que levou ele a sair e depois voltar ?
Como disse antes, foram
problemas pessoais, não sabemos exatamente o que, e respeitamos sua decisão,
mas a verdade é que ele toca em 3 bandas independentes, e tocar em 1 banda
independente já é bastante difícil, em 3 a coisa complica mais. Mas ele voltou
e estamos muito felizes, atualmente ele está fazendo um tratamento de saúde e
esperamos que ele se recupere logo e volte com força total.
Com o advento de tecnologias ligadas a edição e produção sonora, acha
que houve um certo benefício na produção e divulgação de um trabalho autoral de
uma banda ?
Acho que não, o trabalho que
mais gostamos foi nossa primeira demo e foi gravada sem nenhum recurso de
produção, acho que até preferimos, somos como aquelas bandas que gostam de
gravar ao vivo, em fitas, mas isso é quase impossível hoje em dia.
O que facilitou foi por exemplo
as 2 músicas novas, “Respostas Certas” e “Não fique Inerte”, gravamos no
estúdio do André e enviamos para o produtor via e-mail, ele ia produzindo e
enviando pra gente analisar, até chegar onde queríamos.
E como
estão indo os shows do Iguanas ?
Tivemos que programar muito os
shows, como disse antes o Rafael Fralda toca em 3 bandas, então temos que
dividir o ano em 3 para divulgar as bandas, além disso tivemos outros
imprevistos, mas parece que agora está fluindo melhor.
As letras ainda mantém as mesmas temáticas do início da banda ?
Mudou um pouco, mas ainda
tentamos escrever de uma maneira inusitada.
Quais bandas você pode destacar
daí de Barra Mansa ?
Não existe uma separação de
bandas de Volta Redonda, Barra Mansa e Resende, todas tocam juntas e tem
integrantes destas cidades, juntas formam a cena rock do Sul Fluminense. Neste
cenário atual com certeza quem mais tem se destacado é a banda Quarto do L, mas
estão surgindo diversas bandas novas como: Imóvel, Camille Claudel Quartet e
Terminal. E tem as bandas independentes que já tem um trabalho mais sólido,
como, Elasticdeath, Speaknine, Miami Bros, Ricto, Zeoito, e Iguanas.
Finalizando, ainda dá prá sentir
prazer em montar uma banda nos dias de hoje ?
Sim claro! Este sentimento não
muda nunca.
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